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Questão: Zen e a arte da violência


Como combinado semana passada, eis que nesta quarta comentarei o primeiro encadernado da série mensal do Questão, tal qual saiu nos EUA (afinal por aqui parou neste Zen e a arte da violência). O primeiro encadernado traz as edições 01 a 06 publicadas originalmente entre Fevereiro e Julho de 1987 sob a batuta de Dennis O’neil, Denys Cowan e Rick Magyar com as cores de Tatjana Wood.


O primeiro arco serve basicamente para apresentar (ou reapresentar) a personagem e desconstruí-la. Como conversamos semana passada o Questão era guiado pela filosofia objetivista (para maiores detalhes consultar texto anterior) e era preciso mudá-lo para enriquecer o discurso e incluir novos elementos (tais como os de contexto político-social tão caros ao escritor Dennis O’neil desde que em pleno anos 70 trouxe o problema do consumo de drogas e outras mazelas sociais ao até então ingênuo e perfeitinho mundo dos quadrinhos). Sendo assim, somos apresentados a Vic Sage, repórter investigativo um tanto auto-destrutivo que tem como razão pessoal limpar Hub City, a cidade mais corrupta dos EUA (tida como ainda mais suja que Gotham).

Vic Sage usa seu alter ego para ir mais fundo que o possível nas investigações e usa sua profissão para expor tudo o que descobre (ele literalmente vive jogando merda no ventilador). Ele agora está bem perto de toda a sujeira que cerca o prefeito Fermin e o homem que segura suas cordas ,o Reverendo Jeremiah Hatcht. Para dar um basta em Save, o reverendo usa a assassina de aluguel Lady Shiva, uma das mais mortais mulheres do universo DC. Ela acaba com o Questão sem dar-lhe chance de revide… e ele morre.

Lady Shiva porém não é uma vilã de coração negro e salva Vic Sage no último instante pois encantou-se com a curiosidade, tenacidade e disposição de luta ( mesmo que disso saiba muito pouco) do maluco. Salva-o e o entrega aos cuidados do mestre zen-budista mega ninja Richard Dragon. Ele cuida do corpo, da arte marcial e da mente de Vic. Tornando-o uma arma perfeita na luta contra a corrupção. É  hora de voltar pra casa. É hora de começar a faxina em Hub City.

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Conhecer a identidade de seu algoz torna tudo mais fácil. E o Questão sabe quem o mandou matar. Aparecendo como um fantasma, faz com que um homem crédulo como o reverendo Hatch tenha um ataque de pânico. “Eu quero que você reze” diz o Questão numa das frases mais fortes dos quadrinhos. O resto é um combate sem trégua ao odioso reverendo numa história bem conduzida pelo veterano O’neil que tem seu clímax com o assassinato do cretino.

O Questão estava de volta. Sua missão era conhecida. Seu recado foi dado.

Visão pessoal de história: apesar de excelente naquele período histórico o arco não sobreviveu intacto ao passar do tempo. Com exceção do próprio Questão todos os personagens jogados na trama principal são superficiais. São trabalhados de forma muito rápida. As soluções e recursos usados para a trama andar e ser resolvida são consideradas ingênuas hoje em dia (basicamente nosso herói ou visita o covil do chefe dos bandidos ou o lugar tosco onde seus capangas se encontram) e se você sentiu ecos do Demolidor de Frank Miller não se espante.

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Isso tudo não tira o brilho e sabor desta obra oitentista.  Até semana que vem.

Por Carlos Lenilton

Fonte: O Santuário

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2 Comentários

  1. Vic Sage escondendo a sua face pra combater o crime em sua suja Cidade !e mostrando a Cara do Questão pra combater a sujeira e limpar a corrupção de forma"zen"!Marcos Punch.

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    1. Uma das melhores coisas já escritas nos anos 80. Eu procurei mas já não encontro mais o encadernado. Uma pena.

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